Ligo a uma amiga para saber do seu Réveillon.
Suas fotos no Insta eram puro glamour. Taça de cristal na mão direita. Veuve Clicquot na esquerda.
Queria saber tudo. Onde e com quem…
Me conta que foi para Ubatuba com amigos.
Nove horas de trânsito, o carro quebrou, o namorado ficou mal humorado, chegaram tarde à casa, os quartos nem eram “tão assim”, mas os pernilongos eram “bem assados”.
Após ouvir tanta sofrência, pensei: e a taça?
Símbolo de resistência? Esperança ou imaginação além das conquistas e aquém da realidade?
Muito se fala sobre motivações.
Da Psicologia à Autoajuda, do Marketing à Promoção, o tema rende textos, mantras e dicas para a manutenção desta chama capaz de nos levar a buscas na árida estrada do cotidiano.
E o que buscamos?
Se fôssemos ouvir o nosso inconsciente, o foco seria mais fisiológico, comer, beber, dormir, amar.
Ao nos dirigirmos para o convívio social, percebemos que comer muito engorda, beber em excesso estraga o fígado, dormir demais entorta as costas e amar sem fim, então…
Qual voz seguir? A resposta nos é dada todos os dias, desde a maternidade.
Nem lá, nem cá. Equilíbrio.
Nunca gostei desta palavra. Além de artificial, sempre me pareceu inatingível. Somos seres oscilantes por natureza. Chutávamos a barriga da nossa mãe, nos revirávamos no berço, caíamos e nos levantávamos para o treino da mobilidade e da independência.
Não há equilíbrio. Há acertos e erros que se permutam e nos mantêm em sintonia com os nossos “eus”, o interno e o externo, nossa persona como bem nos ensinou Jung.
O Marketing sabe disso e tenta equilibrar os desejos incontidos da empresa com as demandas do seu público, mediante um eternos ir e vir de pesquisas, lançamentos, campanhas e avaliações.
Se o dia a dia traz dificuldades, o foco na taça nos motiva a avançar.
É isso.
Termino a conversa com minha amiga e saio em busca da minha taça.
O ano só começou e ainda não sei o que brindar.
Mas já vou deixá-la pronta para os espumantes que passam por aí.
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