De todas as emoções sacras que senti na Itália, uma delas me deixou mais sensível.
Estar em frente Da Michele, a pizzaria da família Condurro, aberta em 1906 e considerada (inclusive pelo Guia Michelin) uma das melhores de Napoli…
Sim. Você vai esperar entre meia e uma hora, na calçada da pequena porta com toldo manchado.
Sim. Um recepcionista vai gritar seu número de senha e se você não escutar…passam a vez.
Sim. Há apenas dois tipos de pizza e nenhum cardápio. Bebidas servidas em copos de plástico e mesas compartilhadas.
Não. Não há vinho para acompanhar.
Enquanto degustava a minha “marguerita”, fui abandonando a glamurização da mídia e dando espaço a uma experiência mais prática e objetiva.
A pizza é gostosa, o preço é justo mas, na saída, surge a pergunta: “O que faz Da Michele ser a “queridinha” de turistas do mundo todo?
Tudo começa com um produto correto, massa e ingredientes de qualidade. Mas até ai, outras pizzarias também podem e devem oferecer o mesmo.
Na promoção do produto, um atendimento casual e simpático, um garçom que fala português e que te pergunta como vai o Rio de Janeiro…
Ai a exclusividade começa a se destacar.
Bons produtos são necessários, mas não suficientes para conquistar clientes.
É o atendimento que assume o esforço de “personalizar” os atributos, transformando-os em benefícios.
Não é à toa que Júlia Roberts, em sua jornada de Comer, Rezar, Amar rende-se aos encantos do local de luz branca e mesas sem toalhas, para provar o “stile di vita italiano”
Por falar em Júlia Roberts, é lógico que a Comunicação sempre motiva a degustação. Saímos de casa (e até de país) em busca de prazer. É divertido estar na “pizzaria do filme”…
Mas se o ponto de venda não nos oferecer algo mais que um bom produto e comunicação, dificilmente vai nos fidelizar.
Um sorriso é sempre melhor que um “pomodoro” no tempero junto aos clientes.
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