Para você, qual o melhor restaurante do mundo?

Fiz esta pergunta a alguns amigos e a maioria se concentrou em respostas ligadas ao afeto, comida caseira em um ambiente gostoso e garçons simpáticos.

Pois na semana passada, a revista britânica “Restaurant” publicou o ranking dos 50 melhores restaurantes do mundo, em 2023. Elegeu o peruano Central como o número 1.

Ser o primeiro em qualquer lista traz uma responsabilidade enorme.

Me lembro dos concursos de Miss Brasil, na minha infância, quando a vencedora agradecia e eu avaliava que…

…nem era a mais bonita.

Meu pai me explicava que o concurso observava não apenas a beleza, mas também a simpatia, a habilidade na passarela e a cultura da moça.

Resgato essa lembrança quando reflito sobre o que tem um restaurante para ser o melhor do mundo.

No Brasil, temos alguns que ocupam posição de destaque nestas listas elaboradas por donos, gourmands e críticos com nomes diferentes.

Percebo que o foco está no chefe de cozinha, em suas pesquisas e invenções com ingredientes inusitados e capazes de surpreender (nem sempre pelo sabor).

No caso do tal Central em Lima no Peru, o chefe elaborou uma menu degustação com ingredientes de diversos níveis de profundida do mar. Uma alga vinda das profundezas junto com um marisco capturado quase na superfície, juntos numa salada…

Então tá. Coma e goste, sugere a mídia.

E nós, aqui no dia a dia?

Sabemos que o varejo capaz de criar boas experiências, flutua em três pilares: produto + loja + atendimento.

Colocar muito peso no produto, pode desequilibrar a satisfação dos clientes.

Já tive a oportunidade de conhecer alguns restaurantes premiados e, com raras exceções, o atendimento não avança na mesma excelência do cardápio.

O ciclo é previsível. O restaurante ganha um prêmio, o público se interessa em conhecê-lo, a demanda aumenta, as filas se formam, o atendimento se estressa, a cozinha acelera e o tal chefe mentor de tudo agradece a presença ao mesmo tempo que se desculpa pela espera de quase duas horas.

Um planejamento de marketing eficaz precisa estar atento ao tripé gerador de relevância em todas as frentes.

A visão central deve ser para o cliente, buscando o que ele deseja e o que achou da experiência.

Não adianta buscar um ingrediente a mais de 3000 metros nas profundezas do mar e perder o cliente que está ali na mesa, a 10 metros de você.