Você esteve pela Europa, agora no verão?
Eu não, mas conversei com um amigo que acabou de chegar de lá.
Adorou Barcelona, mas ficou indignado com o tratamento em alguns restaurantes que reservam as mesas na calçada, apenas a grupos.
Se você está sozinho, vai para os fundos do salão.
Se está em casal, pode negociar um lugar mais próximo das janelas.
Estava revoltado com a discriminação.
Fiquei pensando sobre a lógica desta setorização.
No teatro, os lugares mais próximos do palco são mais caros. Nos estádios também.
Para ver o show do Roberto Carlos e pegar uma rosa que ele jogou à plateia, uma amiga pagou horrores e pagou feliz.
Tentei argumentar com o meu amigo, explicando a lógica de que “não há almoço grátis”, mas ele se achou injustiçado.
Será que o parâmetro financeiro é o mais adequado à segmentação de clientes?
Em geral, esta é a visão da maioria das empresas.
Se você gera um polpudo ticket na compra, ganha o frete grátis.
Se não compra nada, aos poucos, vão restringindo o seu nome a novas ações.
A métrica é bíblica: Aos que têm muito, será dado mais ainda. Dos que têm pouco, será retirado um pouco mais.
Esta ótica financeira alimenta muitos programas de relacionamento nas empresas e impede uma visão mais ampla para a investigação dos clientes inativos.
Investigar insucessos é fundamental para a garantia de ações bem sucedidas.
Empresas focam em determinado público, criam ofertas a ele, abordam e comunicam as vantagens da aquisição, lançam a campanhas e seus reforços.
E depois?
Se houver verba, investiga-se o insucesso.
Não sei se meu amigo vai voltar a Barcelona tão cedo. Mas a sua opinião é tão importante quanto a da família que ocupou três mesas na calçada.
São públicos distintos que pedem tratamentos distintos e podem gerar faturamentos consistentes e fiéis.
Joan Miró dizia que “as obras devem ser concebidas com o fogo na alma e executadas com a frieza clínica”.
Creio que as ações de relacionamento devam adotar a lógica contrária. As duras métricas de formatação do plano nunca devem prescindir de um atendimento aquecido junto ao cliente, seja este ativo ou inativo.
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