Tenho meia hora para almoçar e opto por um “self-service” para agilizar.

Após me servir, procuro uma mesa vazia na praça de alimentação.

Localizo uma de quatro lugares, ocupada por duas pessoas.

Me aproximo e peço licença para sentar. Ambas sorriem e consentem.

Inicio a refeição em silêncio, ouvindo a conversa.

“Não acredito que ele se tornou vegetariano”, lamentava a moça e completa, “não sei onde vamos jantar, a partir de agora”.

O moço, tentando consolar, emenda: “lá em casa, o Lucas aderiu ao veganismo”.

Silêncio na mesa.

“Nós carnívoros jamais vamos desaparecer”, proponho eu, convicto, enquanto provava meu sassami.

A dupla me olha surpresa, prossegue em silêncio por alguns instantes e concorda aliviada: “verdade”.

A partir daí, engatamos um papo agradável sobre hábitos alimentares, tendências gastronômica e segurança nutricional.

Ela, nutricionista; ele, engenheiro de alimentos; eu, intrometido.

Após a conversa, eles se despedem e fico pensando sobre o começo desta agradável troca de ideias.

Meu pai sempre me dizia: sempre peça licença, mas nunca deixe de entrar.

Com a devida educação e zelo, adoto esta atitude há anos.

Empresas também nos abordam desta forma, nem sempre com foco e relevância.

Quando menos se espera, alguém nos oferece algo, prometendo emoção e satisfação.

A abordagem é inevitável e faz parte das relações humanas e empresariais.

Entretanto, precisamos elaborar esta abordagem, tornando-a prazerosa e eficaz a ambas as partes.

À mesa, me motivei a opinar sobre alimentação porque o tema estava sendo abordado. Opinei a partir das impressões coletadas do casal.

Por isso, ganhei espaço para avançar e encerramos o almoço com simpatia e vínculo.

Sondagem focada.

Que possamos levar esta prática às nossas prospecções. Entender os assuntos do nosso público-alvo e abordá-lo com gentileza e sutileza.

Desta forma, nunca nos faltará lugar nas infinitas mesas do Mercado.