Recebi um convite irrecusável.

Dona Lourdes, minha vizinha de 93 anos me chamou para ver a Adriana Calcanhoto.

Claro que aceitei. Adoro ambas.

Mesmo inconformados com nossos ingressos na penúltima fileira, chegamos animados ao SESC.

Me aproximo da bilheteria para perguntar se o acesso à fileira R tinha muitas escadas e a atendente nos olha com uma cara de “farei minha boa ação do dia”.

Pega nossos ingressos, desaparece atrás do balcão e retorna, alguns minutos depois, com ingressos na fileira A, cujo acesso era imediato e sem escadas.

Dona Lourdes sorri e agradece a gentileza. Eu? Ainda eufórico em ser “vip” tão rápido, reflito sobre os motivos que nos levam ao atendimento preferencial.

Como clientes, sempre queremos ser os primeiros ao atendimento.

Como empresas, nem sempre priorizamos os melhores clientes.

Pronto. Está formada a confusão.

Outro dia, vi uma operadora de telefonia oferecendo um aparelho aos novos clientes.

Mesmo não sendo cliente desta empresa, me senti na fileira Z, enquanto os recém-chegados assistiam a tudo lá na frente.

Empresas precisam criar e praticar uma política mais clara de acomodação dos clientes na sala da conquista e da fidelização.

O contrário também é verdadeiro.

Clientes precisam entender que a frequência e o valor de compras elevam a sua relevância para a marca e, por isso, a fidelidade traz recompensas.

De qualquer forma, a longevidade precisa ser reconhecida e recompensada e, nós clientes, somos gratos por isso.

Se o show da Calcanhoto foi bom?

Foi ótimo e tenho a certeza de que ela cantou, lendo meus pensamentos:

Entre por essa porta agora e diga que me adora…

Você tem meia hora pra mudar a minha vida…

Vem, vambora…

Que o que você demora, é o que o tempo leva.

Cuidado para que o tempo não leve seus clientes para a concorrência.