Não sei se é pelo corte de cabelo, pelas roupas de inverno ou algo mais pessoal…

Quase todo dia, quando entro no metrô, alguém me oferece um assento.

O ritual se repete como um roteiro profético. Entro, me acomodo em pé, observo as pessoas e alguém já me sorri, acena e chama para sentar.

Admiro a educação e a empatia das pessoas, mas não deixo de pensar sobre a codificação que venho emitindo.

Já pensou se pudéssemos perguntar a elas, como nos veem e o que pensam de nós?

Já pensou se elas fossem sinceras?

De tudo que já fiz em Marketing, meu projeto mais frequente, sempre foi pesquisa de opinião.

Observar e ouvir pessoas é admirável, seus depoimentos, citações, mentiras e fantasias. Seus modelos mentais, seus atalhos e alinhamentos.

Darwin dizia que algumas atitudes e expressões humanas são universais, ou seja, qualquer povo do planeta manifesta a raiva, a felicidade, a surpresa, o medo, o nojo e a tristeza com a mesma configuração facial. Questão de sobrevivência.

Nós, pesquisadores, também vamos desenvolvendo um olhar e uma escuta capazes (não 100%) de perceber as convergências e divergências do comportamento humano.

Estereótipos são inevitáveis e facilitam a segmentação de clientes, mas é na prática, no dia a dia da relação comercial, que vamos realmente conhecendo a essência de cada pessoa.

Resgato esse assunto em função de uma questão que ouvi nesta semana, vinda de uma amigo ansioso em definir o público alvo para um lançamento de produto.

Esta definição é sempre desafiante. Buscamos um público qualificado e apto ao consumo mas, como saber isso antes da relação começar?

Ações de prospecção são como casamento. Pede-se a mão da noiva, promete-se fidelidade e prosperidade e o tempo cuida do resto.

Por isso, invista em pesquisa, busque e escolha os melhores públicos ao seu produto, mas entenda que as melhores histórias surgem do relacionamento no médio e longo prazo.

Não acredite no que você vê aparentemente. Não creia que todo jovem senhor grisalho quer se sentar no metrô lotado.

Aproxime-se dele e pergunte qual o segredo de tanta juventude e vitalidade, às 6:30 da manhã…