Enfim surgiu a oportunidade para eu usar minha camisa azul nova.

Há tempos queria compra-la, desde que nos conhecemos na vitrine e, subitamente, foi paixão à primeira vista.

Estava no meu armário, há uns dois meses, esperando uma oportunidade para me embelezar.

E a hora chegou.

Usei sábado, no aniversário de uma amiga.

Ao chegar na festa, a camisa foi notada, gerou comentários e os inevitáveis invejosos: “tenho uma quase igual”.

Eu, seguro e elegante, sorri e fui buscar uma bebida.

Ao pegar uma taça de vinho, o pior aconteceu: a taça caiu sobre ela que de azul, ficou ensanguentada.

Minha noite acabou.

Apesar da ajuda da minha amiga que insistia na troca da blusa por uma outra do marido, agradeci e, algum tempo depois, fui embora.

Sai pensando nos diferencias frágeis que adotamos para nos destacarmos da concorrência.

É claro que uma blusa azul pode gerar a atenção, o interesse, o desejo do público mas ela sozinha não “segura” a festa.

Precisamos nos destacar por benefícios concretos. Vale para as pessoas, para as coisas, para as marcas.

Muitas empresas lançam suas ofertas “matadoras” como se fossem diferencias únicos e eternos.

Cores inéditas, modelos inovadores, tamanhos diferenciados.

Tão logo a festa começa, o vermelho é sobreposto ao mais vermelho, o moderno sucumbe ao mais moderno e o diferente fica tão diferente como os demais.

Qual a real diferenciação a ser perseguida?

Aquela ligada ao que o Marketing chama de “soft benefits”: o atendimento, a agilidade na solução dos problemas, a criatividade nas propostas, o bom humor no dia a dia.

Estes são os verdadeiros desejos dos convidados e vinho nenhum pode destruí-los.

Por isso, antes de colocar energia na sua camisa nova, invista mais na sua aparência, no seu sorriso, no seu perfume.

É mais barato. É mais eficaz.

E nem demanda um carnê de parcelamento em seis vezes… 🙁