Passo em frente à Dior, encantado com as vitrines.

Luxo, sofisticação, exclusividade.

De repente, uma moça sai da loja com três sacolas e nenhum luxo, sofisticação ou exclusividade.

Camiseta regata, saia jeans e chinelos de borracha. Entra na Mercedes que já a esperava na porta.

Definitivamente, Rita Lee estava certa: “down, down, down no high Society…”

Fiquei pensando sobre as mudanças no segmento de alto luxo, as novas gerações buscando “causas” em tudo que consomem, sintonizadas com a agenda ESG – “Ambiental, Social e Governança”.

O que é ser “vip” em um mundo digital, acelerado e efêmero?

Talvez uma atitude mais despretensiosa em relação ao “ter” e mais alinhada com o “estar”, ou seja, uma “self” em Bali vale mais que uma bolsa Chanel no armário.

Para fortalecer a expansão financeira, algumas marcas lançaram uma segunda linha mais acessível, o que causou algum desconforto na turma do Alto Luxo.

Para preservar o topo de pirâmide, marcas adotam a estratégia dos eventos exclusivos e restritos.

Entretanto, os ricos também envelhecem e as marcas se empenham para atrair clientes mais jovens, com novas narrativas e colaborações estratégicas.

Saint Laurent produziu um filme do Almodóvar que, certamente, colaborou à expansão do YSL a novos grupos.

Somos um país que descarta mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, entre roupas velhas, retalhos da indústria da moda e peças de couro.

Para além da quantidade de peças descartadas, a preocupação ambiental se estende aos materiais utilizados na produção das roupas, que são, majoritariamente, provenientes de petróleo.

Esse panorama motivou a ascensão do mercado de revenda, impulsionado pela exclusividade, sustentabilidade e raridade.

Você já tem um brechó para chamar de seu?. Nestes novos tempos, Julia Roberts seria bem atendida nas boutiques de luxo, cada vez mais alinhadas ao “low profile”, uma espécie de luxo silencioso, com peças sofisticadas e de alta qualidade, mas sem ostentação. Focadas numa Pretty & New Woman.