Subo a escada rolante e, no meio do percurso, passa por mim um rapaz e se posiciona no degrau acima do meu.
Ficamos numa proximidade de um palmo, meu nariz próximo das costas dele.
Sinto um aroma agradável, um perfume familiar.
Não me contive: “que perfume bom, qual o nome?”
O moço se vira, meio assustado e agradece: “não me lembro.”
Insisto: “Parece Calvin Klein”.
Já no topo da escada, ele sorri e vai embora.
Fico pensando nestas pessoas que se aproximam casualmente, mas também se afastam na mesma velocidade que chegam.
Algumas empresas também fazem isso comigo. Interrompem a minha jornada, me oferecendo coisas inesperadas, chamam a minha atenção, parecem agradáveis, mas quando você busca um contato, desaparecem.
Outro dia, recebi um brinde em casa. Era cheiroso também, uma amostra de um creme hidratante que usei de imediato.
Percebi que a fragrância era agradável e quis saber se havia outras opções.
Liguei no SAC e após alguns minutos de espera, me deparei com um atendimento tão súbito quanto o moço da escada rolante.
Pouca simpatia, pouca informação, pouco tempo de conversa. Zero sedução.
Após a ligação, minha vontade de conhecer melhor o produto também se foi, tanto quanto o moço ao final da escada rolante.
Marcas precisam estar atentas às promessas de percurso que fazem aos consumidores.
São ávidas por nos interceptar com aromas, sabores, cores que despertam a curiosidade (ou o susto).
E depois? O que querem de nós?
Por que alguém investe em comunicação, eventos, amostras e se esquece do “day after”?
Porque o olhar é promocional, ou seja, não se fala de pessoas, se fala de produto, de preço, de benefícios genéricos capazes de despertar desejos, sem atendê-los.
Talvez eu nunca mais cruze com o moço perfumado. Talvez ele também nunca mais ocupe um degrau de escada tão próximo de outra pessoa, mas a reflexão que fica sobre os encontros e desencontro sempre é significativa e merece aprofundamentos.
Todos os dias é um vai e vem… a vida se repete na estação.
Tem gente que chega pra ficar… tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar… tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar… tem gente a sorrir e a chorar.
Que possamos sorrir aos nossos clientes, de maneira sincera, planejada e longeva.
E acompanhá-los nas subidas e descidas da relação.
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