O semáforo fecha, paro na esquina.
Observo ao redor e percebo um malabarista se aproximando. Sorrindo, cumprimenta os carros e apresenta seu número com bolas.
Tenta uma vez, erra. Sorri e prossegue.
Tenta outra vez, erra. Sorri e prossegue.
O sinal já avisa que vai esverdear. O artista agradece sem muita convicção e, mesmo assim, recebe algumas gorjetas.
Saio pensando sobre entregas.
Muitas vezes, definimos e prometemos ofertas específicas ao nosso cliente, um produto específico, um preço interessante, mensagem publicitária sorridente.
Nem sempre atendemos plenamente à sua expectativa e, por vezes, a relação se frustra.
O aspecto mais cativante do equilibrista desequilibrado foi a aproximação inicial que, com extrema simpatia, já nos predispôs ao vínculo.
Isso é fundamental em qualquer abordagem comercial. Assumir uma postura de welcome, antes mesmo da sondagem, gera uma conexão capaz de atenuar possíveis entraves da negociação, esta sempre mais árida.
Todas as manhãs, costumo frequentar uma padaria perto de casa.
Gosto dela pelo visual mas, sobretudo, pela animação da equipe sempre atualizada numa piada politicamente incorreta ou na fofoca sobre alguém famoso.
Ao entrar, não me atento aos produtos. Quero indicações sobre os quitutes recém-saídos. A simpatia dos balconistas se sobrepõe a possíveis erros do padeiro.
Saio com dois pães franceses e afeto no coração.
Por isso, invista em atendimento, em serviços e, sobretudo, em ações de boas-vindas.
Desfoque a atenção do parcelamento imbatível em dez vezes sem juros que pode decidir a compra mas não garante o vínculo inicial.
Na porta da padaria, a placa nos alerta: sorria, você está sendo filmado.
Acho que os atendentes são os primeiros a seguir este conselho…
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