Semana gelada em São Paulo, termômetros em um dígito.
Passo em frente à sorveteria e dou um sorriso solidário aos atendentes à espera de clientes.
Fico pensando no sorveteiro que investiu no produto, no preço, no ponto, na propaganda e sofre influências externas e incontroláveis, capazes de interferir no andamento da empresa.
Marketing é muito mais que os 4Ps. Não é mais o departamento colorido que faz campanha bonita pra agradar CEO.
Marketing, hoje, é a linha de frente. E como toda linha de frente, está sob fogo cruzado. Não só da concorrência, mas do mundo.
A economia balança? O cliente para de comprar.
O dólar dispara? O custo estoura.
A política ferve? A marca vira alvo.
Chove muito? Ninguém vai à loja.
Faz sol demais? Ninguém sai da piscina pra clicar no seu anúncio.
É isso. O mundo respira e o marketing espirra.
Fatores externos são como aquelas visitas inesperadas: chegam sem avisar e ainda querem café quente.
E o Marketing tem que servir. Rápido, criativo, e com sorriso no rosto.
Mas não dá mais pra só reagir. Em tempos de redes sociais, memes e revoluções por segundo, o Marketing tem que ser quase premonitório. Antecipar. Intuir. Ler sinais do mundo como quem lê tendências de consumo.
Pandemia? Mudou tudo.
Guerra? Redesenha rotas logísticas e campanhas publicitárias.
Inteligência artificial? Redefine o que é talento e o que é algoritmo.
A influencer do momento cancela um produto? Lá se vai o branding de meses.
Por isso, quem faz marketing hoje precisa ser menos artista e mais estrategista. Precisa entender de macroeconomia, sociologia, geopolítica, TikTok e, principalmente, de gente.
O maior fator externo de todos ainda é o ser humano – imprevisível, emocional, conectado, imediatista.
E quem não tiver humildade para escutar o mundo vai acabar falando sozinho.
Os 4Ps? Continuam valendo; mas com outro significado.
Pessoas. Pessoas. Pessoas. Pessoas.
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