Chego ao andar do meu escritório e vejo um senhor “cutucando” a porta ao lado.

Gira a chave, força a maçaneta, suspira nervoso.

Ofereço ajuda, perguntando qual o número do conjunto comercial que buscava.

“1012”, responde ele para, na sequência, observar o 1112 estampado de maneira discreta na lateral da parede.

Em marketing, aprendemos que o erro é um indicador de desalinhamento entre a oferta e a demanda. Da mesma forma, na vida pessoal, os erros sinalizam uma lacuna entre a intenção e o impacto. Ignorá-los é desperdiçar dados valiosos. Observá-los com atenção é começar a compreender o próprio mercado interno: nossos desejos, limites, e a forma como interagimos com o ambiente.

Assim como as marcas de sucesso utilizam testes A/B para aprimorar campanhas, nós também devemos adotar uma mentalidade experimental. Cada decisão tomada é uma hipótese; cada falha, uma fonte de insight. O erro, portanto, deixa de ser um obstáculo e passa a ser uma ferramenta estratégica de autoconhecimento.

Não é suficiente apenas reconhecer que algo deu errado. É preciso mensurar, refletir e ajustar. No marketing, isso se chama ciclo de feedback. Na vida, podemos traduzi-lo como autoavaliação contínua. Quando transformamos erros em aprendizado, migramos da zona de reatividade para a zona de planejamento — onde decisões passam a ser embasadas por experiência acumulada.

Grandes empresas não apenas toleram erros: elas os estudam. Da mesma forma, indivíduos com estratégias de vida eficazes não se envergonham de suas falhas; eles as integram ao seu processo de crescimento. Afinal, estratégias sólidas não se constroem na ausência de falhas, mas a partir da sabedoria que elas proporcionam.

Em última análise, devemos considerar os erros não como fracassos, mas como pesquisas de mercado sobre nós mesmos. Cada deslize é uma oportunidade de reposicionamento, de realinhamento com nossos valores e metas. E, assim como no marketing moderno, quem aprende mais rápido erra melhor — e vive melhor.