“Você me ama mesmo?” foi a frase que ouvi no metrô.
Sentado, ouvia com atenção, o casal que estava atrás de mim.
“Claro que sim”, responde o rapaz.
“Então por que não quer usar uma aliança de compromisso?”, retrucou ela.
“Porque machuca meu dedo”, declara ele meio sem convicção.
A moça fica em silêncio. Acho que havia se machucado com a resposta.
Desço na estação seguinte e saio pensando sobre as provas tão desejadas de amor, buscadas por todos nós.
De fato, inúmeras empresas nos pedem em namoro. Fazem isso a todo momento, para muita gente. Empresas taradas.
Recebo convites de namoro, semanalmente. O e-mail diz que sou muito importante para a marca de perfumes que nem conheço. A ligação declara que querem me dar um brinde especial. E na loja, a abordagem é fulminante, volte sempre, adoramos você.
E o anel de compromisso? A ligação eventual para saber como estou, minha satisfação, um parabéns pelo aniversário…
Do lado da empresa, as ações de aquisição surgem incontinentes. Degustações, ativações, experiências emitem sinais apaixonados para consumidores que mal conhecemos.
O primeiro beijo vem fácil junto com um drink de celebração.
E o dia seguinte? O cotidiano da relação que ocorre nas ruas, nos ônibus, no metrô, nas horas em que estamos inativos.
E você? Conte para nós. O casamento com seus clientes anda às mil maravilhas?
Não sei qual foi o final da história do casal no metrô. Torço para que ela perceba que há várias formas de se manifestar o amor. Também vibro para que ele possa atender algumas necessidades dela. Assim se faz uma relação madura e duradoura.
E se, por um acaso, isso não ocorrer? Espere o próximo trem e busque novas possibilidades no vagão, na loja ou na marca seguinte.
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