Em frente ao prédio onde teria uma reunião, entro correndo na direção do elevador.
A porta ainda aberta, mostra inúmeras pessoas já sinalizando a lotação.
Atrasado que estava, não tive dúvidas, sorri com um “bom dia” acolhedor e entrei.
Silêncio total, algum desconforto, nenhuma empatia.
Gente reunida por uma causa, sair logo no andar de destino.
Chego ao meu encontro pontualmente.
Ao longo da conversa sobre a estratégia de comunicação, a pergunta fatídica, “qual o público-alvo”?
Resgato de imediato o grupo do elevador, unido única e exclusivamente por um objetivo prático e efêmero.
Públicos-alvo não se unem por uma marca, produto ou promoção.
Pelo contrário, eles se utilizam destes atributos para resolverem questões particulares que, por um acaso, podem se assemelhar.
Sempre que ouço determinada empresa declarar em alto e bom som que as mulheres de 30 a 40 anos, casadas e com filhos, são seu target, fico pensando o que é oferecido a elas.
O que uma mulher de 30 anos busca em termos de produtos de beleza, eletrodomésticos ou lazer? Difícil reuni-las em um único elevador pois, cada uma, busca seu andar utilitário.
Conhecer o seu público, requer planejamento, operação e relacionamento, fórmula esta que, aliás, se adequa a qualquer relação que se proponha profunda e durável.
Pessoas desconhecidas só se reúnem por causas comuns muito pontuais e esteja certo de que esta causa não envolve o diferencial inovador que você insiste em divulgar na sua próxima campanha.
Contei a história do elevador na reunião.
Comentários surgiram sobre o trânsito que nos atrasa, o elevador de serviço que estava em manutenção, até descobrimos que uma das recepcionistas estava comigo.
Percebi que o foco da reunião havia de dispersado.
Por que será que é tão desafiante falar sobre o público com o qual desejamos falar? Repito a mesma resposta. Planejamento, operação e relacionamento, três componentes difíceis de serem reunidos em um mesmo elevador, mesmo que ele esteja vazio.
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