Sempre gostei de uma loja.
Comecei pequeno, na sorveteria, no bar da esquina e no mercadinho.
Foco nos produtos.
Mais tarde, fui explorar as livrarias, os bares.
Foco nos produtos e no visual.
Já adulto e profissional, percebi que o sucesso de um varejo estava no tripé: produto + loja + atendimento.
Continuo com essa crença, reforçada pelo que experimento enquanto consumidor e pelo que analiso enquanto profissional.
Nesses anos de estrada pelas lojas, estudos, vivências profissionais e surgimento do comércio eletrônico, vejo que o atendimento ganhou o protagonismo.
Ninguém escapa de um bom vendedor, seja ele um humano ou um robô.
Resgato essa memória em função das inúmeras notícias que leio sobre as turbulências nas grandes redes: Americanas, Tok Stok, Marisa, Magazine Luiza, Riachuelo.
O que está acontecendo?
Claro que cada paciente merece uma análise e um diagnóstico próprio mas podemos refletir sobre algumas questões.
A força do atendimento.
O visual merchandising inova e renova os pontos de vendas.
Vitrines virtuais, aromas aconchegantes, luz, brilhos tudo traduzido em um ambiente favorável a boas-vindas.
Produtos em lançamento ou promoção comprovam o fato de que o cliente está no lugar certo, na hora certa.
Mas e o vendedor? Cadê? Quem me ajuda a localizar o item ou a trocar algo que não me serviu?
Com raras exceções, o “pé” do atendimento ainda não sustenta com firmeza e sedução, o tripé da loja.
A capacidade de fidelização.
Lojas, em geral, sempre investiram na atração de clientes.
Fluxo de consumidores na calçada, índice de entrada, percentual de conversão são métricas adotadas.
Celebra-se a conquista de novos clientes com entusiasmo e certeza de que o marketing está “funcionando”.
Entretanto, quem está cuidando dos clientes atuais? Quem afere o índice de vitalidade de alguém que já comprou e deveria retornar a novas compras?
Com raras exceções, sou pouco estimulado pelas lojas das quais sou cliente e muito assediado por outras que não dizem quase nada, a não ser “aproveite a promoção.”
A comunicação real.
São Paulo vive uma explosão de cafeterias em ritmo de inaugurações semanais.
Claro que os convites à visitação surgem no e-mail, zap, revistas…
Não sou tomador de café mas me motivei a conhecer uma delas, semana passada. O convite era simpático e prometia experiência única. Fui conferir.
O tripé ainda estava inacabado. Sim, havia os “blends” especiais da bebida. Sim, havia poltronas confortáveis com “wi fi”. Sim, havia uma equipe sorridente e apreensiva. Mas a combinação disso tudo ainda não causava a tal majestade no cliente.
Sei que a operação demanda um tempo de “aquecimento” mas devemos cuidar das promessas assumidas na comunicação.
Sei que a comunicação é a maquiagem da oferta e, por isso, deve-se ter prudência nas cores, para que o batom não ofusque a boca.
A era digital causou grandes transformações em todos os nossos hábitos. Alguns dizem que perdemos a emoção nas compras, outros estão felizes com a rapidez e conveniência.
É fato que jamais vamos agradar a todos.
Mas precisamos utilizar com talento e competência, as ferramentas que o Marketing nos disponibiliza, de forma estratégica e integrada.
Fácil? Não.
Difícil? Um pouco.
Impossível? Jamais.
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