Passo pela Paulista e tomo um susto na esquina com a Rocha Azevedo.
O casarão centenário, último sobrevivente dos barões do café, estava todo colorido.
Em tempos de “cidade linda, limpa, doriada…” e de caça aos pichadores, parei para entender o ocorrido.
Trata-se de uma intervenção da Nike para celebrar os 30 anos do modelo Air Max.
Confesso que me assutei.
O que um casarão colonial tem a ver com uma marca esportiva?
Depois fui entendendo melhor e percebi que…
…não…ninguém estava interessado na história do casarão, muito menos suas referências culturais.
Seria um caso de apropriação cultural indevida?
Muitas marcas têm dificuldade em definir e destacar seus diferenciais próprios.
Preferem pegar “carona” com referências externas à sua essência e se apropriam de imagens ou referências que no cotidiano, talvez jamais estivessem relacionadas.
Já vimos Gisele Bundchen na C&A. Já vimos Fernanda Montenegro usando Ariel e assim caminham as marcas investindo “horrores” em cerejas a serem colocadas em bolos de fubá.
São ações que geram visibilidade na fase de apresentação da marca mas acabam esquecidas ao longo do relacionamento com os clientes.
Se a ação da Nike visa celebrar o aniversário do Nike Air, quem são os convidados?
Uma dúzia de clientes que conseguirem se cadastrar e frequentar as pequenas salas do casarão?
Ações de celebração precisam focar o público usuário, aquele que aderiu e adotou a marca nestes dez anos.
Onde está esse público “sneaker”?
Na Paulista? Creio que não.
A não ser que estejam na fila, na porta do casarão, esperando serem chamados para dez minutos de “parabéns a você”…



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