Adoro ver pessoas lendo livros em locais públicos.
Me desafio a adivinhar o título e fico tentando analisar o perfil do leitor.
Outro dia, na academia, um jovem em seus 20 e poucos anos, pedalava enquanto lia Clarice Lispector.
Surpreso e curioso, fiquei pensando sobre suas motivações a um texto tão elaborado.
Vestibular? Identificação? Acaso?
Já compartilhei o assento do metrô com uma idosa que se divertia muito com o Evangelho segundo o Espiritismo.
Ela sorria, suspirava, vibrava.
Elevação espiritual? Incorporação?
Objetos pessoais definem o nosso perfil, mesmo quando parecem surpreendentes.
Pesquisas capturam opiniões, desejos, preferências. Entretanto, o entrevistado nem sempre tem uma coerência entre o que pensa, declara e pratica.
Por isso, a melhor informação sempre é obtida no monitoramento do comportamento.
Somos desejantes, porém imperfeitos em nossas buscas.
Abraham Maslow, um pensador humanista interessado em conhecer as motivações das pessoas, nos propôs a pirâmide de necessidades.
Qual a jornada para a satisfação de nossos desejos? Suprir as carências fisiológicas é a base, na sequência, buscamos segurança, amor e pertencimento, estima e autorrealização. Esta seria a nossa rota evolutiva em termos de satisfação e de felicidade.
Entretanto, nosso foco de ascensão é nebuloso e, muitas vezes, simbólico, o que significa que você pode escolher um restaurante para se alimentar, mas também para celebrar ou, simplesmente, fazer uma self.
Pesquisar motivações é um dos grandes desafios em Marketing e, por isso, Clarice nas mãos de um jovem diz muito mais do que uma simples leitura.
Precisamos aprofundar nossos sentidos a estas capturas. Não sejamos básicos e focados, apenas, nas respostas de um questionário.
O não verbal informa e posiciona a nossa observação.
Por isso, prossigo curioso pelas ruas, observando o que as pessoas exibem, e também buscando o que elas escondem.
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