Fui ver Coringa 2 com os pés atrás e o coração à frente.

Crítica e público arrasaram com o filme que decepcionou nas bilheterias e dificilmente irá recuperar os 300 milhões investidos pela Warner Bros.

Mas quem resiste a Joaquin Phoenix e Lady Gaga, juntos?

Na sessão, estávamos eu e mais três pessoas, claro sintoma da frustração junto aos fãs dos quadrinhos da DC e aos apaixonados por musicais. 

Sai pensando nos motivos deste fracasso.

Coringa 1 nos trouxe ação, emoção em um roteiro de suspense psicológico bem estruturado em conteúdo. Ganhou dois Oscars e muitos outros prêmios, recuperando e ampliando as percepções que os fãs já tinham dos personagens.

Se a fórmula foi campeã, por que não a repetir?

O diretor Todd Phillips quis apresentar uma nova versão, saindo da zona de conforto. Para ele, seria muito óbvia uma sequência “mais do mesmo”, no mesmo formato de outros heróis que nos chegam nas versões 2…3…4… Optou por transformar o suspense em musical, acreditando que o público iria entender e aprovar a versão mais criativa. Deu no que deu.

O Marketing nos ensina que o maior patrimônio de uma marca está em seu posicionamento, nos valores que ela transmite ao seu público. É um trabalho árduo e longevo, feito por ações, estratégias e objetivos alinhados em um claro foco.

Este posicionamento blinda produtos e serviços de possíveis ameaças vindas do mercado ou de concorrentes.

Entretanto, o posicionamento que preserva a marca, também restringe a sua área de atuação.

É difícil ao McDonald´s vender camarão, tanto quanto ao Fasano vender hamburguer.

Posicionamento é o sobrenome da empresa que pode lançar quantos produtos e serviços desejar, desde que estejam sob a guarda do que chamamos de “branding”, suas promessas e propósitos.

Claro que podemos e devemos avançar e ousar. O mercado pede novidades e toda empresa cresce mediante a capacidade de estimulá-lo com inovações.

Mas sempre haverá limites de acomodação às ousadias e ideias, dentro da caixa dimensionada pelo posicionamento.

Por isso é importante definirmos os limites de nossas ofertas para que possamos atuar cada vez mais e melhor.

Coringa 1 conseguiu isso com extrema competência, junto a um amplo espectro de público. Ao mudar seu posicionamento, afastou os fãs, sem necessariamente atrair novos públicos.

É um risco que todos corremos ao longo do processo de desenvolvimento.

Por isso, mantenha a cabeça alinhada à inovação, tanto quanto os pés estáveis em um posicionamento planejado e validado. E vá ver o filme que é muito bom…