Não sou especialista em Moda e nem em Esportes, mas se o assunto da semana é o uniforme da nossa seleção olímpica, precisamos falar sobre isto, sob o olhar do Marketing.
E há vários olhares possíveis, dos quais quero destacar alguns.
Perante as críticas negativas, Paulo Wanderley, presidente do COB, defendeu os modelos: “Não é Fashion Week de Paris, são os Jogos Olímpicos de Paris. Arte é arte e a beleza está nos olhos de quem vê.”
Concordo com ele e apenas completaria, está nos olhos de quem vê e nas roupas de quem as exibe.
Desde criança, minha mãe me dizia que a primeira impressão é a que fica. Penteava os meus cabelos, me borrifava de perfume e dizia, bom aniversário a você.
Para as olimpíadas, estou certo de que os atletas também se prepararam com sangue, suor e lágrimas. Estão prontos para competir.
Nosso primeiro contato com eles será no Rio Sena e, claro, o uniforme terá fundamental importância na transmissão desta percepção positiva.
Percepção é algo pessoal, intransferível e fruto de estímulos. Por isso minha mãe caprichava no perfume, elevando as minhas oportunidades de agradar nas festas.
Claro que eu também colaborava, propondo bons assuntos interessantes, sem falar de boca cheia.
Forma e conteúdo precisam estar em equilíbrio e a Comunicação assume esta responsabilidade.
Dizem que os uniformes ficaram simples demais, as peças “não conversam” entre si. Nos pés, nossos atletas estarão de chinelos.
Será que estes elementos colaboram à imagem de alta performance que queremos transmitir?
Ouvi dizer que vestirão jaquetas jeans recicladas e bordadas com animais selvagens. São características focadas na valorização da natureza.
Foram feitas por artesãs de Timbaúba dos Batistas (RN), em um gesto de valorização da mão de obra local.
Em Marketing, sabemos que nem toda característica transforma-se em benefício ao público-alvo e, por isso, precisamos nos atentar à capacidade de leitura e percepção deste público.
O assunto é polêmico e distante de consenso. Sempre teremos que lidar com os quatro perfis de consumidor, presentes em todo relacionamento: o influenciador, o decisor, o pagante e o usuário.
São perfis que podem estar reunidos em uma única pessoa, o que reduz bastante nossos desafios de comunicação.
No caso dos uniformes, estes perfis estão separados e passam pelo COB, pelo Governo, pelos patrocinadores, pelos estilistas e até…pelos atletas. Ou seja, prato cheio para “saias justas”.
Todos somos uma marca. Quando me apresento, transmito percepções. Quando digo o meu sobrenome, outras referências surgem. Ao vestir uma camisa da cor X ou Y, me posiciono como produto.
Tudo colabora para a boa (ou a má) impressão. Por isso, sejamos cuidadosos na etapa de apresentação. É ela que vai facilitar todo o percurso evolutivo; seja no Sena, seja nas quadras, seja na sua empresa.
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