Quem me conhece, sabe que aviões não são o meu meio de transporte preferido.

Não que eu entre na aeronave me despedindo para sempre das pessoas, mas a experiência de compartilhar espaços mínimos ao lado de desconhecidos, usar o banheiro sendo observado por todos ou sentir o joelho do passageiro detrás massageando as minhas costas, sempre me perturbou.

Intimidades compulsórias geram ansiedade e se elas ocorrem nas alturas, o alarme de emergência pode tocar.

Você já viveu algo parecido em terra?
Outro dia, recebi uma ligação de alguém que me conhecia “bastante”.

“Sr. Fernando, bom dia!!!”

(Quem será que me chama pelo nome, pensei um pouco ansioso…)

“Meu nome é Júlia, falo em nome da New Light!!!”

                   (Júlia? New Light?, pensei mais ansioso e agora com dúvidas…)

“Tenho um convite irrecusável ao Sr!!!”

                   (Meu Deus…será que é um sequestro relâmpago…)

“Um coquetel de lançamento imobiliário em Barueri!!!”

         (Barueri? Como? Quando? Por quê?)

Adoro Barueri… mas nunca pensei, penso ou pensarei em comprar algo por lá.

Minha intimidade virtual com a Júlia, terminava naquele momento.

Ser chamado pelo nome é sempre o começo de um bom vínculo.

E se o contato é feito por alguém simpático e amável, a satisfação aumenta.

Mas se a abordagem não é relevante, a intimidade esfria e torna-se invasiva e turbulenta

Para terminar o contato de maneira amigável e bem humorada, confidencio a Júlia:

“Meu passado em Barueri foi muito triste Júlia. Prometi a mim mesmo que jamais voltaria lá”.

Silêncio na linha. Ela, amável e solidária (agora de um jeito natural), se despede e deseja “tudo de bom”.

Quem sabe ela me liga, daqui alguns dias, e me pergunta se eu estou melhor…

Clientes íntimos começam assim…

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Fernando Adas: É diretor de atendimento e planejamento da Fine Marketing, especialista em comunicação dirigida e varejo. Atua também como consultor em treinamento de equipes comerciais.